O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) foi interrogado nesta terça-feira (27) na Justiça Federal. Pela primeira vez, ele admitiu a existência da “taxa de oxigênio” — uma propina de 1% sobre intervenções urbanas na Secretaria Estadual de Obras.
Cabral disse que, às vezes, o valor superava o 1% apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) na denúncia. Ele se prontificou a falar reservadamente sobre o caso, já que, segundo ele, alguns dos envolvidos ainda têm foro privilegiado.
Os ex-secretários da pasta Hudson Braga e Luiz Fernando Pezão (MDB), que foi sucessor de Cabral no governo, recebiam a “taxa de oxigênio” e ainda prestavam contas ao então governador — de acordo com o depoimento.
“(Pezão) Participava, era beneficiado (pela taxa de oxigênio) e me dava satisfação, prestava conta de valores inclusive de terceiros”, disse.
A defesa de Pezão diz que ele “sempre negou e continua negando que tenha recebido propina”.
O ex-governador também disse que, pelo o que ouviu de Fernando Cavendish, ex-dono da empreiteira Delta, pode supor que o esquema já existia nos governos anteriores ao seu.
“Creio que sim pelo o que me dizia o Fernando Cavendish, que (disse que) ajudava (pagando propina) nos governos de Garotinho”.