Um homem apontado como gerente da milícia que atua na região da Muzema, zona oeste do Rio de Janeiro, falou sobre encontro com o filho de Marcelo Crivella e tentativas de contatos com o próprio prefeito, segundo escutas telefônicas da Operação Muzema, deflagrada pela polícia nesta terça-feira (16), informa a Folha de S.Paulo.
“Cheguei até o filho do Crivella. Só não cheguei até a ele. E o filho dele falou que não tem como segurar não, que é o Ministério Público. O cara me levou até o filho dele”, disse Manoel de Brito Batista, o Cabelo, a Abraão Fontenele Amorim, acusado de ser um dos sócios de empreendimentos ilegais na região.
“Os diálogos são de dezembro de 2018, período em que a prefeitura interditou imóveis na região e tentava viabilizar demolições. Os acusados relatam tentativas de evitar a derrubada dos empreendimentos imobiliários, uma das fontes de receita da milícia da região, segundo o Ministério Público”, conta a reportagem.
Segundo a Folha, nos diálogos não há evidências de que os contatos de fato ocorreram e se tiveram consequências. Vinte e quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público sob acusação de explorar a construção e venda de prédios irregulares na Muzema —17 tiveram mandados de prisão preventiva expedidos. Foi nesta favela que dois prédios irregulares desabaram matando 24 pessoas, em abril deste ano.