A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu nesta terça-feira (27) um alerta sobre o aumento do nível do mar, especialmente no Oceano Pacífico. De acordo com o relatório apresentado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o nível do mar subiu 15 centímetros em algumas áreas do Pacífico nos últimos 30 anos.
Embora o Brasil não tenha sido mencionado especificamente nesse relatório, um documento da ONU divulgado na segunda-feira (26) abordou as estimativas e análises do impacto do aumento do nível do mar, destacando duas localidades no estado do Rio de Janeiro. O estudo intitulado "Mares em Elevação em um Mundo em Aquecimento: A Ciência Mais Recente sobre os Impactos Atuais e Projeções Futuras do Aumento do Nível do Mar" citou uma estimativa da NASA, de 2020, que prevê uma elevação do mar entre 12 e 21 centímetros até 2050 em Atafona, no município de São João da Barra, e na cidade do Rio de Janeiro.
Essas previsões foram baseadas em um cenário de aquecimento global de 3°C até o final deste século. Atualmente, há esforços globais para limitar o aquecimento a 1,5ºC, conforme as metas do Acordo de Paris. No entanto, a ONU já reconhece que essas metas são insuficientes para manter o aumento da temperatura nesse patamar.
O documento também comparou o impacto em outras regiões, como New Orleans, nos Estados Unidos, onde a NASA estima uma elevação do mar de até 46 centímetros até 2050, apresentando um risco significativo para a cidade.
Aumento Observado e Riscos Adicionais
Entre 1990 e 2020, o nível do mar aumentou 13 centímetros nas áreas mencionadas. As previsões indicam que esse valor pode subir em até 21 centímetros nos próximos 30 anos, representando uma média de 16 centímetros de elevação.
Segundo a ONU, esse aumento representa uma ameaça grave para regiões costeiras, especialmente em países em desenvolvimento, onde a infraestrutura pode ser destruída e as vidas das pessoas severamente impactadas.
Riscos para o Pacífico e o Mundo
O aumento do nível do mar também coloca em risco os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), que enfrentam erosão costeira, destruição de infraestruturas e possível perda de habitabilidade devido à concentração de pessoas e bens em áreas baixas.
Ilhas no Oceano Pacífico, como Maldivas, Tuvalu, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati, correm o risco de desaparecer devido à elevação do nível do mar, consequência direta das mudanças climáticas. Essas ilhas, responsáveis por apenas 0,02% das emissões globais de CO2, são desproporcionalmente afetadas pelo aquecimento global.
O excesso de gases do efeito estufa, liberados principalmente pela queima de combustíveis fósseis, está aquecendo a Terra. Embora essas ilhas contribuam minimamente para essas emissões, a atmosfera é compartilhada globalmente, o que significa que todos são afetados pelas mudanças.
Papel dos Oceanos no Clima
Os oceanos desempenham um papel crucial na mitigação dos impactos do aquecimento global, absorvendo 90% do excesso de calor gerado. Durante eventos como o El Niño, que aumentam a temperatura dos oceanos, observa-se um aquecimento global acima da média.
O aumento do nível do mar ocorre por dois principais motivos:
A ONU destaca que é urgente enfrentar essas mudanças para evitar consequências devastadoras, especialmente para as regiões mais vulneráveis.
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