O ano é 2020 mesmo, o mês é março e o dia não importa. Acontece todos os dias.
Entramos no metrô, elevador, ônibus, nossas casas, igrejas, terreiros, médico e lá estão todos na mesma posição (sentados ou em pé) olhando para o mesmo ponto fixo (tela do celular).
O que falarei aqui não é novidade para ninguém.
Milhares de pessoas já devem ter discorrido sobre o tema “alienação x uso desregrado da tecnologia” mas outro ponto de vista é sempre válido na compreensão de um macro universo.
Sendo mais específico ainda, assim como o título, a questão aqui é simples: celular X amizade.
Todos – eu afirmo “todos” com toda certeza do mundo – meus amigos carregam um celular.
Todos são encontráveis. É só mandar um “Oi” no aplicativo WhatsApp que, assim como eu, todos responderão, mas a grande maioria se manterá intocável.
É exatamente isso. Todos estamos conectados (digitalmente) e diametralmente desconectados (fisicamente).
Estamos “ligados” no celular, desligados, contudo, dos outros.
A primeira culpada, a vilã das relações, é a rotina.
A coitada é massacrada diariamente e sempre utilizada como argumento para manutenção da ausência dos pares.
A segunda, ou segundo culpado, é… Bem, nem vale a pena falar. Seria uma enxurrada de substantivos que não caberiam neste texto.
No início desse escrito eu não disse a data, mas o dia é hoje. Acordei refletindo sobre tudo isso aí em cima.
Utilizo o celular como fim e não como meio.
“Fim” como veículo de comunicação com meus amigos e ali exauro, esgoto, todo o assunto que poderíamos ter e nunca uso como meio de “marcar um encontro” e dialogar até cansar, presencialmente.
O conceito de “tão perto e tão longe” nunca esteve tão sólido como no século XXI, mais latente em 2020. Não fazemos nada para mudar isso.
Eu não faço.
Na verdade, não fazia até hoje. Acordei refletindo sobre isso e mudando meu posicionamento, praticamente o contrário, ou seja, agindo.
Sabe aquele seu/sua amigo/amiga que você só fala pelo celular? Então, manda um “oi” pra ele/ela e marquem de se ver. Hoje. Amanhã. Na sexta, no happy hour.
Mas, marque e vá. Larga a tela. Desconecte-se da máquina e conecte-se ao outro.
Somos átomos e não bytes.