A Justiça do Rio de Janeiro ordenou a apreensão de celulares e computadores pertencentes a Allan Oliveira, líder comunitário da Zona Oeste do Rio, em uma investigação sobre uma suposta extorsão envolvendo o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) e um vídeo íntimo. A operação de busca e apreensão, realizada na manhã desta quinta-feira, foi solicitada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) após o parlamentar apresentar uma queixa formal. Em comunicado, a defesa de Pedro Paulo afirmou que o deputado foi "vítima de um ciclo de ameaças que perdura desde 2020".
A defesa de Pedro Paulo havia solicitado a prisão preventiva de Allan, acusando-o de "perseguição, tentativa de extorsão, difamação e injúria" contra o parlamentar. No entanto, o MP considerou desnecessária a prisão e, em vez disso, requereu outras medidas cautelares, além da apreensão dos dispositivos eletrônicos.
Em uma decisão emitida na última sexta-feira, o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, proibiu Allan de "publicar ou divulgar qualquer material relacionado ao suposto vídeo íntimo" e de mencionar os fatos sob investigação. Além disso, o juiz determinou que Allan mantenha uma distância mínima de 500 metros de Pedro Paulo e que evite qualquer contato com o parlamentar, seus familiares ou testemunhas envolvidas no caso.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Civil confiscou dois celulares e dois computadores na residência de Allan. A decisão judicial também incluiu a quebra do sigilo dos dispositivos para que as informações armazenadas possam ser analisadas.
A defesa de Pedro Paulo destacou em nota que as medidas adotadas são "extremamente necessárias e exemplares, mostrando que nenhuma pessoa deve ter sua dignidade e intimidade violadas".
"Pedro Paulo e sua família têm sido vítimas de crimes gravíssimos que precisam ser devidamente punidos", afirma o comunicado.
Em julho, o jornal O Globo revelou detalhes sobre a existência do vídeo íntimo e as acusações de chantagem e ameaças associadas ao material. A preocupação com o impacto do vídeo em sua campanha levou Pedro Paulo a desistir da indicação para o cargo de vice-prefeito na chapa de Eduardo Paes (PSD), que acabou escolhendo Eduardo Cavaliere, ex-secretário municipal da Casa Civil, como seu vice.
O episódio remonta a 2020, quando Michelle Shimeni da Silva, apoiadora de Paes, foi convidada para um evento de campanha às vésperas do primeiro turno, realizado no clube Ribalta, na Barra da Tijuca. O convite foi feito por Allan Oliveira, que atuava como cabo eleitoral na campanha de Paes. Michelle e Pedro Paulo se encontraram no evento e posaram juntos para fotos. Meses depois, Michelle gravou Pedro Paulo em um momento íntimo durante uma chamada de vídeo, com a gravação durando quase um minuto. O vídeo, que inicialmente era privado, tornou-se público em 2022, quando Allan procurou a polícia alegando que Michelle havia mostrado as imagens para ele na tentativa de obter um cargo na prefeitura.
Tanto Michelle quanto Allan exerceram funções ligadas à administração pública municipal e estadual do Rio em 2021, embora a forma como conseguiram os cargos não esteja clara.
Após ser demitido de um cargo na Empresa de Obras Públicas do Estado (EMOP), Allan procurou a 6ª DP (Cidade Nova) e revelou a existência do vídeo. Ele alegou que a decisão de denunciar o caso foi motivada por uma ameaça recebida da secretária municipal de Ação Comunitária, Marli Peçanha, a quem atribuía sua indicação ao cargo público. Allan afirmou que Marli e o vereador Márcio Ribeiro (PSD) o pressionaram para que o vídeo fosse excluído, chegando a ameaçá-lo de morte.
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