Nesta quinta-feira (17), Wilson Witzel, governador do Estado do Rio de Janeiro, anunciou que investirá na climatização das escolas estaduais do Estado, e pretende que todas as unidades disponham de ar-condicionado até 2020. Na ocasião, Witzel afirmou, também, que pretende disponibilizar mais escolas militares no Estado, na linha do que Bolsonaro (PSL) defende – assunto que já foi discutido aqui na coluna.
A decisão de melhorar as estruturas físicas das escolas do Estado é louvável, especialmente se considerarmos a degradação das unidades, em especial no Município do Rio. No entanto, ao direcionar os recursos do Estado, Witzel parece se preocupar mais em manter a máquina de guerra que vem tirando vidas cotidianamente do que em melhorar o cenário caótico da educação estadual.
Não é de se estranhar que Witzel prefira investir na guerra. Afinal, quando se pensa na campanha do ano passado, dificilmente será possível rememorar uma proposta concreta para a educação, mas com certeza todo mundo lembra dos planos, no mínimo, radicais que o candidato tinha para a segurança pública.
No entanto, nem mesmo no tocante à segurança o Governador age com bom senso. Neste ano de 2019, o orçamento destinado à segurança é quase o dobro do destinado à educação; Witzel, no entanto, não destinou nenhum real à informação e inteligência das polícias. O governador, que prometeu inovar nesse quesito, repete um padrão histórico no Estado: em 2015, já se observava orçamento zero para informação e inteligência, apesar de diversos estudos apontarem que as políticas públicas para segurança são mais eficazes se baseadas em evidências.
O dinheiro público gasto sem inteligência gera consequências orçamentárias que afetam outras pastas; entre elas, a da educação. Witzel não quer, por exemplo, seguir a determinação legal de que o dinheiro oriundo do pré-sal seja obrigatoriamente investido em educação e saúde, e já acionou a Procuradoria Geral do Estado para não ser impelido a isso.
Enquanto o dinheiro não vem, o Sindicato de Profissionais da Educação do Estado apontam a falta de pelo menos 2 mil profissionais da educação nas escolas estaduais. Witzel também tentou retirar aumento salarial por progressão a cada cinco anos dos professores, mas sofreu tanta pressão que recuou.
O que Witzel esquece – ou talvez não tenha se preocupado em aprender – é que as taxas de violência são significativamente reduzidas quando a população tem educação.
Num Estado em que o desemprego é generalizado, e num país em que dois em cada dez jovens não estudam nem trabalham, o Governador coloca seu alvo no lugar errado, e todo mundo paga o preço – alguns, com a própria vida.