Que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) chegou atrasado para o início da 11ª Legislatura na Câmara do Rio, todos sabem, mas parece que ele voltou com tudo, mais inspirado do que nunca.
Como foi noticiado pela coluna Extra,Extra – do Jornal Extra, Carlos protocolou um projeto de lei, na última terça-feira (07), para que seja proibido o uso de “insetos, inteiros ou suas partes, na alimentação dos alunos matriculados em creches e escolas públicas e privadas do Rio”.
Mas que insetos são esses que, segundo o vereador, seriam servidos às criancinhas?
O vereador faz um longuíssimo preâmbulo — recheado de narrativas anti-científicas, diga-se de passagem — para justificar que se em um futuro apocalíptico a Prefeitura do Rio decida introduzir, arbitrariamente, alimentos que tenham insetos em seus ingredientes na dieta dos alunos, agora é a hora para intervir e impedir “experimentações com crianças”.
“Não podemos agir depois da casa arrombada, precisamos nos adiantar, considerando que o uso de insetos na alimentação vem se espalhando pelo mundo todo e o Brasil, como sempre, busca imitar aquilo que o mundo tem de pior. Ficaremos nós, Câmara Municipal, responsáveis por experimentações com crianças e adolescentes, ainda que essa experimentação não esteja no horizonte próximo?”, questiona Carlos.
Além do projeto não parar em pé, o vereador deu um show de conspiracionismo, negacionismo climático e científico. No texto, Carlos Bolsonaro atira para todos os lados: acusa Al Gore — que já recebeu o Nobel da Paz em 2007 pelos seus esforços na disseminação de maior conhecimento sobre as alterações climáticas induzidas pelo homem — e Carl Segan — um dos maiores cientistas de todos os tempos, grande defensor do ceticismo e do uso do método científico —, além da Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia.
“Nos últimos anos, a questão ambiental deixou os limites do bom senso para entrar no campo do discurso apocalíptico e da histeria coletiva. Argumentações de “aquecimento global”, “mudanças climáticas”, coisas que podem ser explicadas por outros fenômenos naturais como o aumento da atividade solar; isto para não falar dos escandalosos falseamentos de relatórios climáticos que fizeram muita gente abandonar o Painel Climático da ONU”, afirma Carlos Bolsonaro.
Segundo o vereador, as possíveis consequências da ingestão de insetos por crianças vão de alergias à possibilidade de surgimento de doenças graves.
Para que fique registrado, tal ideia nunca foi apresentada pela Prefeitura do Rio ou qualquer órgão ligado à educação.
