Na minha última coluna, eu falei sobre a cortina de fumaça que o presidente faz para desviar a atenção de temas pertinentes para a sociedade, fazendo sua base de apoio reverberar nas redes sociais. Mas dessa vez, o tiro saiu pela culatra e a fumaça chamou a atenção para um grande incêndio, agora literal.
Por mais que, considerando o período histórico, já tenham havido queimadas na Amazônia maiores do que as desse ano, a falta de diálogo e a tentativa de cobrir com uma grande cortina de fumaça, dessa vez, só chamou a atenção para o real problema que o governo está passando, com a queima de sua credibilidade interna com seus aliados que, que cada vez menos vão para trincheiras das redes sociais defender o Presidente.
São boicotes de grandes empresas, desgaste com países que compram diretamente produtos do Brasil e mais uma crise interna no governo, que não consegue passar por um mínimo de período de bonança, mesmo conseguindo aprovar a reforma da previdência – que foi um grande ganho do Rodrigo Maia, que também mostra força de articulação do Palácio do Planalto.
O ar de grosseirão que fala o que pensa foi deixado de lado por um presidente conciliador, que foi em rede nacional pedir união de um país que ele mesmo ajudou a dividir. O estrago está feito, e cada vez menos aliados ficam à disposição.
Nesse incêndio, o que queimou não foi somente a nossa floresta, mas sim a confiança cega que os poucos aliados que restaram tinham no presidente, e a cortina de fumaça tomou tal proporção que a maior metrópole viu o dia virar noite, e alertou que, por mais que os memes nas redes sociais digam uma coisa, a realidade era outra.
O que queima ininterruptamente desde o dia primeiro de Janeiro não é a nossa floresta, mas sim a força e a credibilidade que o governo tem com a população.
[…] Onde há fumaça há fogo […]