Um cartaz com denúncias sobre as mazelas da rede municipal de ensino provocou o afastamento de uma professora de educação especial numa escola do Méier, na Zona Norte do Rio. No texto, a servidora relata falta de material escolar, desvio de garis da limpeza escolar para atender o Rock In Rio, festival de música que terminou na semana passada, além da falta de uniforme para os alunos e de reajuste salarial para os profissionais do ensino. Ela aproveita também para fazer convocação para paralisação do magistério marcada para a próxima terça-feira, dia 3.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) a profissional, cujo nome e escola em que lecionava não foram revelados para preservá-la, foi transferida de unidade para outra no mesmo bairro, Méier, na Zona Norte do Rio, a poucos meses do fim do ano letivo. Várias postagens nas redes sociais foram feitas em apoio à professora, informando inclusive que ela corria o risco de ser exonerada, o que não foi confirmado pelo sindicato.
— Nossa avaliação é de que foi uma atitude autoritária. Apesar da professora não estar usando um material oficial do sindicato, ela exerceu o direito de qualquer trabalhador de manifestar suas reivindicações. Nós achamos que foi uma atitude extrema porque ela acabou sendo transferida de escola e tendo prejuízo financeiro, já que perdeu o direito à hora extra, pela dobra de turno. Se teve alguma crítica ao que ela fez, deveria ter sido tratado internamente pela orientadora pedagógica. Além disso, mudar um professor de escola no final do ano letivo prejudica também o processo de aprendizado dos estudantes — disse a coordenadora geral do Sepe, Marta Moraes.
Marta afirmou ainda que o sindicato apresentou uma moção de apoio à professora e pretende procurar a Secretária de Educação, para buscar uma explicação sobre o ocorrido. A coordenador disse também que o Sepe colocou o seu departamento jurídico à disposição da servidora.
A Secretaria municipal de Educação confirmou que a professora foi afastada da unidade onde trabalhava “até que investigação preliminar apure a denúncia de uso da esfera pública”. Até lá, segundo o órgão, ela segue cumprindo as funções em outra escola da rede. A secretaria justifica, por meio de nota, que a colocação de um cartaz para expressar opinião pessoal e “divulgar fatos inverídicos” no mural escolar, que é um espaço destinado à comunicação da unidade, configura desrespeito às regras da unidade escolar, além de infringir o Estatuto dos Servidores.
