Geral Caso Marielle
Ronnie Lessa pede para depor sem a presença dos irmãos Brazão
Audiência com perguntas da Procuradoria Geral da República e assistentes de acusação teve início na tarde desta terça-feira (27). "São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos (os réus) mais do que se possa imaginar", afirmou Lessa no início do depoimento.
27/08/2024 16h29 Atualizada há 3 semanas
Por: Redação
Ronnie Lessa em depoimento nesta tarde de terça-feira (27) em depoimento no STF — Foto: Reprodução

Assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial Ronnie Lessa iniciou, nesta terça-feira (27), seu depoimento em audiência virtual no Supremo Tribunal Federal (STF). Logo no início da sessão, o advogado de Lessa, Saulo Carvalho, solicitou que os demais réus fossem excluídos da videoconferência e representados apenas por suas defesas.

O juiz Airton Vieira, auxiliar do STF e responsável pela audiência, aceitou o pedido e questionou Lessa se ele também preferia que os advogados dos outros réus não estivessem presentes. Lessa, preso desde 2019, respondeu afirmativamente:

"Havia um pacto de silêncio e gostaria que isso fosse respeitado. É tudo muito delicado. Não estamos lidando com pessoas comuns. São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos [os réus] mais do que se possa imaginar."

Até o momento da última atualização desta reportagem, o depoimento de Lessa ainda não havia sido concluído. Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018.

Essa é a primeira vez que Lessa depõe na presença, ainda que virtual, dos réus do processo no STF, entre eles:

Todos estão presos. Domingos, Chiquinho, Rivaldo e Peixe são acusados de envolvimento na morte de Marielle. O major Ronald já estava preso por ligação com a milícia de Rio das Pedras. Os irmãos Brazão e Rivaldo foram detidos em 24 de março.

Espera-se que Lessa reafirme pontos de sua delação premiada durante o depoimento. Ele começou relatando que conhece os irmãos Brazão há 20 anos.

O primeiro a questioná-lo na audiência foi o promotor Olavo Pezzotti, representante da Procuradoria Geral da República (PGR).

Após o promotor, as assistentes de acusação das famílias de Marielle e Anderson tiveram a oportunidade de fazer perguntas.

No acordo de colaboração premiada, homologado pelo STF, Lessa apontou Domingos e Chiquinho Brazão como os mandantes do crime. Segundo ele, Rivaldo Barbosa tinha conhecimento da execução de Marielle, o que garantiria a impunidade nas investigações.

Preso um ano após o crime pelo Ministério Público estadual do Rio e pela Polícia Civil, Lessa manteve-se em silêncio por quatro anos, negando qualquer envolvimento no crime. Em 2023, após a entrada da Polícia Federal no caso, o ex-policial Élcio de Queiroz, que dirigia o carro usado no crime, confessou sua participação e a de Lessa por meio de uma colaboração premiada.

A esposa de Lessa, Elaine, também relatou que na noite do assassinato de Marielle, Lessa passou toda a madrugada fora, contradizendo sua alegação de que estava em casa. Naquela noite, seu celular permaneceu desligado.

Outro ponto de destaque foi o acesso de Lessa a um site de pesquisa de dados cadastrais da Serasa Experian, onde ele buscou informações sobre Marielle e sua filha, Luyara.

Após o depoimento de Lessa, será a vez do outro réu colaborador, Élcio de Queiroz, prestar depoimento.

Depois dessa etapa, as defesas dos réus poderão selecionar testemunhas ou solicitar novas diligências ao STF.

Na segunda-feira (26), o policial militar Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, foi internado no Hospital da Polícia Militar devido a uma úlcera que está causando feridas em sua perna direita. A internação é por tempo indeterminado.