Segurança Pública Crise na segurança
Criminosos transformam escolas no RJ em bases para monitoramento da polícia, armazenamento de drogas e troca de tiros
Mais de 800 kg de drogas foram apreendidos em uma escola e em uma clínica da família no Complexo da Maré. No Chapadão, um vídeo flagra um traficante trocando tiros com policiais dentro de uma unidade escolar.
30/08/2024 12h17
Por: Redação
Reprodução / TV Globo

A violência nas escolas do Rio de Janeiro chegou a níveis alarmantes, com traficantes utilizando a estrutura escolar para esconder drogas, monitorar a polícia e até trocar tiros. Na última quinta-feira (29), mais de 800 kg de drogas foram apreendidos em uma escola municipal na Nova Holanda, no Complexo da Maré, apenas alguns dias após a retirada de 1 tonelada de entorpecentes de outra escola na mesma região.

Este cenário trágico reflete a ausência de uma resposta eficaz do governo estadual para enfrentar a crescente violência. Alunos de cerca de 20 escolas da Prefeitura do Rio estão sem aulas presenciais há pelo menos duas semanas devido às operações de demolição de imóveis ilegais no Parque União, mas a resposta governamental tem se limitado ao fechamento temporário das unidades educacionais, sem medidas concretas para garantir a segurança permanente das escolas e dos estudantes.

Em outros pontos da cidade, a situação é igualmente caótica. No Complexo do Alemão, traficantes perfuraram paredes de salas de aula para observar a movimentação policial, transformando os espaços educativos em bases estratégicas para o crime organizado. Já no Complexo do Chapadão, um bandido foi filmado trocando tiros com a polícia dentro de uma escola, exemplificando o total desrespeito às instituições educacionais e à segurança pública.

Especialistas destacam a gravidade da situação. André Lazaro, diretor da Fundação Santillana, alerta para o impacto devastador dessa violência sobre as crianças e jovens: "A pergunta é: o que elas aprendem nessa situação? O que elas não aprendem, nós sabemos. Mas o que elas aprendem?". Alessandro Visacro, especialista em segurança, também aponta a necessidade de proteção dos civis, especialmente dos mais vulneráveis, mas ressalta que essas medidas precisam ser eficazes e aplicáveis à realidade brutal das favelas cariocas.

Entretanto, as autoridades parecem apenas repetir discursos vazios. Victor Santos, secretário estadual de Segurança, afirmou que a Segurança Pública está pronta para garantir a segurança nas escolas, mas as ações concretas estão longe de alcançar esse objetivo. Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação, expressou indignação quanto à falta de respeito dos criminosos pelos espaços escolares, mas a realidade é que, sem uma ação contundente por parte do governo do estado, essas palavras soam cada vez mais como um lamento vazio.

A falta de uma postura firme do governador em relação à segurança pública no Rio de Janeiro está deixando nossas escolas à mercê do crime organizado. Enquanto a violência continua a se espalhar, as promessas de proteção permanecem apenas no papel, expondo estudantes e profissionais da educação a riscos inaceitáveis. O que o Rio de Janeiro precisa é de liderança e ação, e não de mais palavras sem substância.