O governador do RJ, Wilson Witzel, enviou ao Blog no fim da manhã desta quinta-feira (26) um áudio em que recuou de um possível afrouxamento das medidas restritivas no estado.
Witzel, no entanto, criticou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e a “politização” da pandemia.
“Se o governo federal, até segunda-feira (30), não apresentar algo que dê esperança para que as pessoas possam saber que não vão morrer de fome e não vão ter um cataclismo nas suas vidas, vai ser muito difícil continuar com essas medidas protetivas, porque nós não podemos brigar e pedir para as pessoas ficarem em casa”, destacou Witzel.
Mais tarde, no Twitter, Witzel voltou a falar que as medidas tomadas pelo governo foram tomadas por orientações que incluem as do ministro.
“Hoje eu acordei perplexo com as declarações do ministro Mandetta sobre as medidas que tomamos para conter o coronavírus. Diz que as medidas foram exageradas, contrariando suas próprias declarações anteriores. Para tomar as medidas severas que tomamos para conter o coronavírus, seguimos orientação da OMS, de Mandetta e do nosso secretário de Saúde, Edmar Santos,” escreveu o governador.
“Ao mudar suas orientações, entrando na economia e se alinhando com as declarações do presidente Bolsonaro, Mandetta dá um tom político, que não cabe nesse momento. Sigo agora o nosso secretário de Saúde e as orientações da OMS. E só vamos reavaliar nossas medidas no dia 4 de abril, ouvindo análise da curva do vírus, feita pelo Dr. Edmar e os epidemiologistas”, criticou.
Mudança de tom
No áudio ao Blog, Witzel frisou “a reabertura do diálogo com o governo federal”.
“Recebemos uma sinalização do ministro Paulo Guedes de que nos ajudaria com antecipação de recursos do leilão da Cedae”, explicou.
“A Itália não fez [isolamento social] e está chorando seus mortos”, lembrou.
Críticas a ministro
Witzel comentou o atual discurso de Mandetta. O ministro defendeu o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro contra as medidas de isolamento social adotadas no Brasil.
“Eu vejo a grande colaboração da fala do presidente. Chamar a atenção de todos que é preciso pensar na economia”, disse Mandetta, nesta quarta-feira (26).
Para Witzel, Mandetta mudou de opinião.
“Da noite para o dia, vejo o ministro da Saúde, que é a autoridade máxima da Saúde no Brasil e orientador das nossas ações, mudar de opinião. Diz que começamos o isolamento cedo demais, critica a quarentena e lava suas mãos, indo na mesma direção das falas do presidente”, afirmou Witzel.
“Esse novo posicionamento do ministro Mandetta nos surpreende e deixa a sociedade zonza e confusa sobre o que fazer. Fico em casa ou não fico em casa?”, emendou. “Isso é inadmissível porque o ministro mudou totalmente sua visão sobre o isolamento social das pessoas, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde”, apontou.
Cobranças mantidas
Witzel, porém, manteve as cobranças por recursos.
“O governo federal é o único que tem condição de nos socorrer e precisa fazer já”, disse.
“Na Inglaterra, o [primeiro-ministro] Boris Johnson diz que são necessárias medidas inéditas num momento inédito. Nos Estados Unidos, o FED [banco central americano] está socorrendo os empresários de forma direta, no varejo.