A Justiça do Trabalho manteve nesta terça-feira (30) a liminar que impede que os motoristas de ônibus realizem assembleias e entrem em greve no Rio. O Sindicato dos Rodoviários pede aumento aos motoristas e afirma que eles não recebem reajuste há dois anos. Já as empresas dizem que não têm condições financeiras de oferecer aumento.
Os rodoviários tinham decidido entrar em greve esta semana, mas a paralisação foi impedida pela Justiça. Nesta terça (30), houve uma nova audiência de conciliação entre sindicato e empresas de ônibus, mas não houve acordo. Os motoristas pedem aumento de 11% no salário e mais cesta básica de R$ 500.
“A situação dos trabalhadores rodoviários que já era ruim ficou péssima. Os patrões não apresentaram nenhuma proposta e a Justiça manteve a liminar concedida no plantão que impede o sindicato de realizar assembleias”, diz o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José.
Por outro lado, as empresas afirmam que têm um déficit acumulado que chega a R$ 2 bilhões na arrecadação. Dizem ainda que várias empresas fecharam ou estão em recuperação judicial e que a única fonte de custeio vem das passagens.
“Hoje nós mal temos condições de pagar o combustível que é consumido pelos ônibus, de manter até em dia a folha de pagamento, o 13°, pagar impostos e outros insumos. Então já é uma grande dificuldade. Nós não temos condições de arcar com mais um aumento de salário”, afirma o porta-voz da Rio Ônibus, Paulo Valente.
Está marcada para esta quarta-feira (1) mais uma audiência no Ministério Público do Trabalho para tratar da situação. Os empresários devem tomar uma decisão ainda esta terça e levar uma nova proposta para audiência.
Serviço precário
Já os usuários do serviço relatam problemas diariamente, como estações de BRT e ônibus lotados. Na última sexta-feira (26), usuários da Linha Santa Cruz x Campo Grande não conseguiram embarcar, porque a porta estava quebrada e não abriu.
Aos domingos e feriados, em um ponto de ônibus em Del Castilho, passageiros reclamam que as linhas 614 e 611 sumiram. Vídeos mostram ainda que os usuários do transporte público enfrentam bancos enferrujados, ônibus com goteiras e até baratas.
Na semana passada, passageiros da Linha 759 (Cesarão x Coelho Neto) tiveram que viajar no escuro.
“Você quer chegar em casa, está cansado. E quando chega aqui, muitas vezes, são duas horas para pegar o ônibus. Está um descaso com o ser humano”, diz o auxiliar de portaria Rosivaldo Pereira.
O que dizem as autoridades
O RJ2 entrou em contato com a Procuradoria Geral do Município, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.
Sobre a situação precária dos ônibus, a Rio Ônibus afirma que desde antes da pandemia alertava a prefeitura da situação que os passageiros encontram nos pontos. Disse também que empresas e consórcios estão em recuperação judicial e aguardam respostas da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) sobre apoio ao setor.