Afinal, qual a função de um banco na economia? Bom, de um ponto de vista simples, podemos dizer que ele deveria ter a função de intermediar as empresas que precisam de recursos para produzir, ou empreendedores que precisam de capital para abrir uma empresa e as pessoas que possuem esses recursos em forma de poupança. De certa forma, essas instituições que deveriam ser um meio, se tornaram um fim para os recursos financeiros.
Os números chamam a atenção, só o banco Itaú registrou um lucro de R$26,6 bilhões no ano de 2019, o maior da história dos bancos. Analisando o contexto de instabilidade política e econômica em que esses resultados ocorrem, nos leva a questionar como e por qual razão isso ocorre, também nos leva a querer entender o significado disso para a economia.
Em um ambiente de queda gradual da taxa de juros, estamos diante de um crédito ainda muito caro, isso significa um alto spread bancário (diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e a remuneração paga pelos empréstimos emitidos por eles). O setor tem baixa concorrência e o crédito é um produto que não sofre redução significativa na procura diante de um aumento no preço, o que explica em parte essa realidade. Com a redução dos juros, expansão do crédito e um preço alto pelos empréstimos, há circunstâncias que favorecem a obtenção de grandes lucros, potencializada pela flexibilização dos direitos trabalhistas que diminuiu os custos de contratação, facilitou o desligamento de funcionários, consequentemente levando ao fechamento de agências, em parte influenciada também pela virtualização dos serviços. Ou seja, preço alto pelo produto (crédito), baixo valor pago pelos recursos e redução de custos.
Diante do exposto acima, pode-se notar que essas instituições financeiras, nessas circunstâncias, acabam perdendo sua característica de intermediária, pois, não há estímulo para a utilização de crédito para produzir, em vista do alto retorno necessário para cobrir os altos juros cobrados, isso é agravado em um momento em que a economia acaba de sair de uma recessão. Além disso, com uma alta taxa de desemprego, bancos seguem reduzindo seus custos ao cortar funcionários e fechar agências.
É possível afirmar que os altos lucros não contribuíram para a redução da taxa de desemprego, não estimularam o setor produtivo e não garantiram que essas corporações desempenhassem seu papel. Quem deve comemorar esses resultados?