Estudar com esse calorão que faz no Rio de Janeiro não é tarefa fácil, aonde até o vento do ventilador é quente. E quando não há nem mesmo ventilador? É o caso de várias escolas do Estado, entre elas, o Colégio Estadual Professor Ernesto Faria, localizado na Avenida Bartolomeu de Gusmão, em São Cristóvão.
De acordo com uma pesquisa levantada pelo Noticiário do Rio, um especialista afirma que “o calor constante causa irritabilidade e impaciência, fatores que atrapalham o desenvolvimento dos estudos. Isso porque a capacidade de concentração diminui, e o estudante fica com mais dificuldade para fixar o conhecimento. Há diversos estudos científicos que comprovam que as altas temperaturas afetam negativamente a capacidade de aprendizagem e a memorização. De acordo com o fisiologista Raul Santo de Oliveira, o calor é sim um dos maiores inimigos do bom funcionamento do nosso organismo”.
Segundo alunos, a Secretaria Estadual de Educação havia prometido no inicio de fevereiro deste ano a reposição dos aparelhos de ar-condicionado que encontram-se com problemas. A direção do colégio chegou a esperar uma visita técnica da empresa que presta os serviços de refrigeração ao Estado, porém, coincidentemente, a data da tal visita caiu exatamente no dia em que um temporal afetou todo o estado do Rio de Janeiro, fazendo com que a visita fosse desmarcada.
Cansados de tanta espera, alunos resolveram procurar a redação do Noticiário do Rio para denunciar a falta de estrutura das escolas do Estado. Francisco de Assis, aluno de uma das unidades Estaduais disse à nossa reportagem que os problemas “são além da climatização” e ressaltou ainda que “só não é pior, porque tem diretor que tenta fazer o possível e o impossível com a mísera verba destinada mensalmente às escolas”.
De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo Portal Noticiário do Rio, em uma ocasião específica, perguntado sobre a falta de climatização nas escolas da rede estadual, o secretário de estado de educação, Wagner Victer declarou que “climatização não é uma obrigação do Estado” e que “o contrato com a empresa que prestava esse tipo de serviço, foi rescindido já que a tal companhia não cumpriu com cláusulas contratuais”.
Gustavo Guimarães, aluno do segundo ano de uma das unidades estaduais, disse à reportagem que chegou a tentar contato com a SEEDUC pela central de atendimento na internet, mas não obteve resposta. Aluno da mesma escola, Pedro Pereira também tentou contato com o departamento de Educação do Estado, mas suas solicitações não foram atendidas.
Para Gabriel Lima, também aluno do ensino médio, a falta de infraestrutura enfrentada por ele e seus colegas na escola, “muitas da vezes são problemas simples e que poderiam ser solucionados se fosse do interesse dos governantes”.
Alunos da Zona Norte organizaram protesto
Na última quarta-feira (21 de março), alunos do Colégio Estadual Olavo Bilac, também localizado em São Cristóvão, organizaram um protesto para revindicar a falta de climatização nas salas do ensino médio e cobrar melhores condições de trabalho para professores e demais funcionários da unidade. O ato aconteceu na principal via do bairro, Rua São Luiz Gonzaga próximo à Rua Emancipação. Os alunos caminharam pelas ruas do bairro até o estúdio do SBT – RIO, localizado no Campo de São Cristóvão.
A mãe de uma aluna do Colégio Estadual Olavo Bilac, comentou em uma rede social que “apoia o protesto dos alunos” e que “o colégio está sem estrutura nenhuma, salas sem nenhum conforto, tem ar condicionado, mas não funciona”. Declarou também que “quase todos os dias não tem aula’, ‘ – minha filha vai e volta logo em seguida […]”.
Alunos da Zona Oeste também protestam
Uma manifestação também foi realizada no último dia 23 de março, pelos alunos da Rede Estadual dos colégios Brigadeiro Shooort e Ciep Ulysses Guimarães, na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Além da climatização, alunos cobram: falta de porteiros, funcionários de limpeza, entre outras.
A organização dos alunos das escolas fez o Centro da Taquara parar.

Contratos milionários
De acordo com informações obtidas no site oficial do Governo do Rio, os aparelhos de climatização das unidades da SEEDUC (Secretaria de Estado de Educação) são alugados através de contratos firmados entre o Governo do Estado e empresas privadas.
Um levantamento feito pelo Noticiário do Rio, mostra que uma das empresas que venceram um Pregão Eletrônico para alugar aparelhos de ar-condicionado à SEEDUC está a Investplan Computadores e Sistema de Refrigeração LTDA. O valor negociado no SIGA (Sistema Integrado de Gestão de Aquisições) do Governo do Estado do Rio de Janeiro foi de R$ 4.872.254,52 (no primeiro lote de 7) e consta como “Homologado total”.


R$ 27,6 milhões para escolas da rede pública
No final de 2017, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; o ministro da Educação, Mendonça Filho; e o secretário estadual de Educação, Wagner Victer, firmaram a liberação de recursos de R$ 27,6 milhões para 785 escolas da rede pública.
De acordo com Wagner Victer, os recursos, provenientes do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), do Ministério da Educação (MEC), seriam disponibilizados para 445 escolas da rede estadual.