Em 2015, o Brasil viveu a experiência de ter ruas lotadas de pessoas protestando contra o dólar alto e uma chefe do Executivo que soltava pérolas tolas e pouco inteligentes. Cinco anos depois, o Presidente do país mudou, mas o cenário parece ainda pior: o preço da principal moeda internacional bate, outra vez, seu recorde histórico ao atingir estratosféricos R$ 4,50. Por sua vez, Jair Bolsonaro, visto como a maior oposição ao governo petista, e ao mesmo tempo a maior esperança contra a esquerda, tem se provado absolutamente mais tolo e irresponsável do que Dilma Rousseff.
A sucessão de declarações infelizes e deliberadamente cunhadas por Bolsonaro inflam a polarização sobre a qual o Presidente se apoiou para vencer, mas que absolutamente nada de positivo traz ao país. Pelo contrário: o único beneficiado pelo extremismo é o próprio Bolsonaro, que alimenta seu séquito com mentiras e ofensas, chegando ao ponto até de cogitar romper com a democracia e fechar o Congresso. Com seu discurso antimídia repleto de infantilidade e machismo (ao, por exemplo, ofender a honra de uma jornalista e dar uma “banana” a repórteres – mais de uma vez) e uma retórica beligerante e mentirosa, o Presidente consegue dividir mais o país, entre aqueles que compram seu discurso e o apoiam quase cegamente e aqueles que se opõem.
No entanto, mesmo a oposição se encontra enfraquecida diante da máquina de guerra que é o Presidente. Qualquer manifestação contrária ao que Bolsonaro diz, por mais absurdo que seja, é respondida com ataques pesados do seu exército de seguidores, tanto humanos quanto robôs. Assim, quem não concorda com o Presidente fica cada vez mais acuado para falar, e acaba não falando. O tom que toma conta do país é o tom do medo, e nessa nota, a melodia não é das melhores.
O que Bolsonaro precisa entender, com urgência, é que a ordem do decoro existe por uma razão e não é à toa que existem especialistas afirmando que houve crime de responsabilidade em sua fala contra o Congresso. Jair Bolsonaro não é mais aquele meme do Superpop de poucos anos atrás, e nós não queremos ser governados por esse personagem por mais 3 ou, quiçá, 7 anos. Jair Bolsonaro é Presidente da República, e já passou da hora de aprender a se portar como tal.