O prefeito Marcelo Crivella (PRB) nomeou Fábio Macedo como coordenador do Centro Administrativo São Sebastião (CASS), conforme informou a coluna Extra Extra, de Berenice Seara, do jorna “Extra” deste sábado. Ele vem a ser primo em primeiro grau do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo, e, em segundo grau, do próprio prefeito. Segundo a coluna, ele tomou posse no dia 22 de setembro. A nomeação foi publicada no Diário Oficial do Município em 25 de setembro.
Aos 52 anos, Fábio apresenta, no currículo, a formação de técnico em estradas e o ultrapassado título de técnico em processamento de dados (obtido no longínquo ano de 1986). Além de cursos como o de Primeiros Socorros e o de Técnicas de Venda Externa, ambos promovidos pelo Senac. Como experiência profissional, lista empregos em nove empresas — quase sempre gerenciando e fiscalizando obras, como de terraplanagem e pavimentação.
Uma Cidade
Fábio agora é responsável pelo principal prédio administrativo da Prefeitura do Rio, conhecido como Piranhão, e seu anexo. Por lá, circulam diariamente 7.500 pessoas — mais do que o número de habitantes de Laje do Muriaé (7.217, segundo o IBGE). E terá em caixa um orçamento anual de R$ 28,7 milhões.
A prefeitura foi procurada, em 29 de setembro, para explicar a nomeação de Fábio — e esclarecer quais eram os seus vínculos familiares com o prefeito e seu tio, o bispo Edir Macedo. A resposta oficial foi curta: “não há grau de parentesco”. Foi pedido, então, uma cópia do currículo do escolhido para a missão missão, mas nada foi enviado.
Em 11 de outubro, foi pedido, novamente, o currículo de Fábio Macedo. Apesar das promessas de pronta resposta, nada aconteceu. Na última sexta-feira, quase um mês depois, quando procurada pela terceira vez, a prefeitura admitiu que existe, sim, uma relação familiar entre o prefeito, o bispo e o novo coordenador do CASS.
Nomeações Polêmicas
Desde que assumiu a prefeitura do Rio, em janeiro, Marcello Crivella se envolveu em nomeações polêmicas. Além do filho, Marcelo Hodge Crivella, que foi afastado do cargo de secretário municipal da Casa Civil por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), o prefeito fez outra nomeação sob suspeita de nepotismo. Em agosto, a ex-vereadora Leila do Flamengo Maywald foi nomeada para dois cargos: assessora especial do gabinete do prefeito e gestora voluntária do Parque do Flamengo. O Parque do Flamengo, no entanto está na área de influência da superintendência da Zona Sul, cujo superintendente é Marcelo Maywald, filho dela.
Outra decisão controversa de Crivella foi a escolha do advogado Arthur Fuks, que chegou a ser nomeado no Diário Oficial em janeiro, para a subsecretaria de Inclusão Produtiva, da secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, mas não assumiu o cargo. A decisão foi tomada depois que então secretária da pasta, Teresa Bergher, soube que Fuks publicou posts em seu facebook divulgando mensagens como “Sou a favor de reintegrar o bandido à sociedade. Os órgãos vão para doação, o esqueleto para a escola de medicina e o que sobrar vai para adubo”.
Também em janeiro, o delegado da polícia federal Braulio do Carmo Vieira de Melo foi exonerado do posto de coordenador de Transporte Complementar, após Crivella ficar sabendo que ele chegou a ser preso, acusado de tentativa de homicídio, em Cuiabá, no Mato Grosso. E que, devido ao caso, ainda respondia a um processo criminal. Braulio também já teria se manifestado publicamente a favor da legalização de jogos de azar.
No mesmo mês, o prefeito anulou a nomeação do professor da Coppe/UFRJ e engenheiro Paulo Cezar Ribeiro para o comando da CET-Rio. À imprensa, Crivella alegou que o acadêmico teria sido diagnosticado com uma doença grave, mas a justificativa foi posteriormente negada por Ribeiro em entrevista ao GLOBO. O engenheiro teria sido descartado porque solicitou que a prefeitura cobrisse o salário que recebia da UFRJ.
A nomeação de Kelly Serra do Amaral, que estava lotada em uma escola da Zona Oeste como merendeira, para o cargo de subsecretária municipal de Transportes também gerou muita polêmica. Em fevereiro, a Polícia Federal informou que ela poderia ser investigada por falsidade ideológica. O objetivo era confirmar a denúncia feita pelo GLOBO de que, apesar de ter declarado que era bacharel em Direito, Kelly Amaral nunca obteve graduação. A exoneração da merendeira só foi publicada no Diário Oficial do município13 dias após ela ter sido afastada.