A crise no voleibol brasileiro só cresce a cada mês. A Superliga masculina, um dos campeonatos nacionais mais importantes do mundo, já presencia cinco equipes com dificuldades financeiras (seis se contar a desistência do Botafogo). O mais recente foi Sesc RJ que anunciou o fim do projeto masculino para a próxima temporada por meio de nota nas redes sociais.
O comunicado publicado no último dia 20/02 foi em forma de agradecimento. “A instituição agradece o empenho e dedicação de todos na defesa dos valores do Sesc RJ, tanto dentro, como fora de quadra”, dizia a nota. O informe alegava ainda que o técnico da equipe, o campeão olímpico Giovane Gávio, continuaria no Sesc RJ fazendo parte de projetos socioeducativos na entidade do comércio e que a equipe feminina do Sesc RJ continuará suas atividades.
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O anúncio pegou de surpresa o mundo do voleibol, já que o time carioca não mostrava problemas financeiros. Entretanto, casos de indiferença de empresas no voleibol carioca já existiram, como o RJX – do Eike Batista – e mais recentemente do Botafogo, que abandonou a Superliga há poucos dias da estreia no início desta temporada.
Crise no voleibol brasileiro
A crise não é de agora. América Vôlei (MG), Denk Academy Maringá Vôlei (PR), Ponta Grossa Vôlei (PR) e até mesmo o atual campeão da Superliga EMS/Taubaté/Funvic (SP), se encontram com salários atrasados e baixa de atletas. Como citado, antes de iniciar a competição o Botafogo (RJ) também abandonou o barco faltando poucos dias para a estreia e colocou todos os atletas e funcionários na rua.
Os problemas são diversos, mas com a incompetência de sempre. O América Vôlei, por exemplo, acumula salários atrasados desde agosto e só conseguiu estar participando da Superliga por conta de uma ação na justiça, já que Montes Claros – detentor do CNPJ – alugou o registro para o Corinthians/Guarulhos na temporada anterior. O Corinthians, por sua vez, não pagou todos os salários da temporada e o América Vôlei, novo detentor do CNPJ não poderia ser inscrito na competição por conta do fair play financeiro.
Entretanto, uma brecha no regulamento autoriza a participação da equipe na Superliga, caso o time esteja com ação judicial em andamento contra os atletas. É o caso do América e também do Ponta Grossa, que usam da mesma artimanha para jogar o campeonato mesmo sem ter quitado suas dívidas. Ambas as equipes continuam sem pagar seus atletas e muitos jogadores acabam por saindo da equipe após não ter seus salários em mãos.

Nem os ídolos do esporte escapam. O ex-levantador Ricardinho, presidente do Maringá Vôlei, teve que voltar a ativa. O motivo: falta de atletas. Dos 17 jogadores contratos para a temporada, sete foram embora da equipe, incluindo o oposto Lorena – que veio de dificuldades no Botafogo.
A holding Treepart, que é a patrocinadora master do time e usa uma de suas marcas como nome da equipe, é a responsável pela crise. A empresa está com seus bens bloqueados pela justiça por conta de uma investigação e não paga os salários do Maringá desde novembro. A promessa é que neste mês tudo se regularize. Enquanto isso o Maringa Vôlei, que já foi sétimo colocado na zona de classificação para os playoffs, caiu para a décima posição.
O atual campeão também não está de fora. Pelo menos até o mês de fevereiro, o Taubaté tinha três meses de atrasos e, segundo o blogueiro Bruno Voloch do Estadão, havia dívidas de temporadas passadas sendo quitadas por agora. Bom lembrar que o Taubaté conta com um elenco de peso, com vários atletas de Seleção Brasileira, como os pontas Douglas Souza e Lucarelli e os centrais Mauricio Souza e Lucão. Além disso, estranha-se pela quantidade de investidores que o projeto de Taubaté possui, sendo 18 patrocinadores e nove incentivadores e apoiadores.
Os clubes, extramente mal dirigidos, são os grandes culpados. A falta de profissionalismo acaba denegrindo a imagem do esporte brasileiro e acarreta em uma subordinação à dirigentes da péssima gestão da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). A CBV nada faz, apenas observa o descaso de clubes e empresas que desrespeitam as leis, desprezam atletas, comissões e projetos inteiros. Os atletas aliás, apesar de vítimas, poderiam ser mais unidos e lutarem pelo fortalecimento do esporte.
Em ano olímpico, o Sesc RJ só confirmou a notícia de catástrofe que assombra o voleibol brasileiro. Podemos passar de uma competição nacional extremamente disputada, para o torneio mais caloteiro do planeta.