A pré-campanha começou e os partidos tem anunciado seus candidatos para a Capital carioca em 2020. Muitos deles já recebem apoio institucional do partido, enquanto outros continuam atuando como lobos solitários, tentando ganhar a força da população.
Conheça aqui os principais nomes que irão disputar a vaga e um pouco de suas trajetórias políticas:
Helio Bolsonaro (PSL)
Braço direito do presidente Jair Bolsonaro, Helio é Subtenente reformado do Exército Brasileiro, foi perito criminal e é graduado em Gestão Pública e Financeira.
Concorreu em 2004 pelo extinto PRP ao cargo de Vereador do município de Queimados, tendo conseguido apenas 277 votos. Em 2014, concorreu pelo então PTN, atualmente Podemos (PODE), ao cargo de Deputado Federal pelo estado do Rio de Janeiro, mas teve sua candidatura indeferida. Na eleição seguinte, em 2016, lançou-se candidato pelo PSC ao cargo de Vereador do município de Nova Iguaçu, mas novamente não foi eleito, tendo alcançado apenas 480 votos.
Em 2018 foi o principal candidato do Jair Bolsonaro, concorrendo a Deputado Federal pelo PSL com apenas 46 mil reais de doação de campanha. Navegou na onda Bolsonarista e conseguiu 345.234 votos, sendo o mais bem votado no Rio de Janeiro.
Paulo Messina (Sem Partido)
Conhecido por ser o homem forte do Marcelo Crivella, decidiu abandonar o barco da prefeitura e seguir sua própria trajetória política. Matemático, Professor e atual Vereador da Cidade do Rio de Janeiro, foi eleito como vereador pela primeira vez em 2008 pelo PV com 5.201 votos, sendo o segundo vereador a entrar com menos votos naquela candidatura. Em 2012 foi reeleito novamente pelo PV com 10.112 votos. Em 2016 trocou de partido, indo para o PROS, sendo eleito com 15.346 votos.
Durante 7 anos, atuou na Comissão de Educação e Cultura da Casa Legislativa, sendo seu presidente durante 4 anos e criando a Lei de Incentivo à Cultura.
Após a vitória de Crivella, foi nomeado Secretário-Chefe da Casa Civil, e trocou de partido indo para a base de Marcelo Crivella. Mas após discordâncias com o Prefeito, teve sua filiação partidária cassada e virou oposição na Câmara Municipal.
Marcelo Crivella (PRB)
Atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella disputará a reeleição em 2020. Foi eleito senador pela primeira vez em 2002, com cerca de 3,2 milhões de votos. Tentando aproveitar a onda de boa votação, em 2004 disputou a eleição para Prefeito do Rio pela primeira vez, mas ficou em segundo lugar, perdendo em primeiro turno para Cesar Maia que concorria à reeleição. Na época, Crivella disse que sofreu perseguição política da rede Globo.
Em 2006 disputou o cargo de Governador. Foi o candidato de Lula ao comando do Estado, mas obteve 1,5 milhões de votos, ficando em terceiro lugar. Em 2010, se tornou o primeiro senador reeleito no Estado do Rio desde a redemocratização.
Em 2012 foi nomeado Ministro da Pesca no governo de Dilma, mas com a reforma ministerial deixou a pasta em 2014. Ainda em 2014 concorreu novamente a Governador pelo Estado do Rio, ficando em segundo lugar.
Venceu a eleição à Prefeitura do Rio em 2016 em segundo turno contra Marcelo Freixo. Tentando mostrar força política, tentou eleger seu filho a Deputado Federal em 2018, porém ele obteve apenas 35.677 votos.
Jerominho (PMB)
Fundador da ONG SOS Social em 1992 na região de Campo Grande, zona Oeste do Rio, foi eleito pela primeira vez em 2000 a vereador no Rio pelo PMDB com 20.560 votos, e reeleito em 2004 com 33.373 votos.
Com a criação da CPI das Milícias do deputado Marcelo Freixo (PSOL), ele foi apontado como um dos chefes da organização criminosa junto com seu irmão Natalino, que era Deputado Estadual pelo DEM.
Em 2008 foi preso e indiciado com mais 266 nomes, que incluía sua filha, seu irmão e diversos nomes políticos, incluindo o vereador pela capital Deco (PR), que foi acusado de planejar a morte da então delegada Martha Rocha (PDT) e do deputado Marcelo Freixo.
Foi condenado a 10 anos de prisão em 2009 pela Justiça Estadual e cumpria pena no presídio federal de Mossoró (RN). Em março de 2017, foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Hoje, após cumprir a pena, se filiou ao PMB com sua filha Carminha Jerominho. Ela também irá concorrer ao cargo de vereadora em 2020.
Otoni de Paula (PSC)
Pastor do Ministério Missão Vida, que tem sede em Madureira, vem de uma família de cantores evangélicos, sendo sobrinho de Otoniel & Oziel, que faleceram em um acidente de carro em 1976 no Rio Grande do Sul.
Com diversos processos em seu nome, a maioria sobre cobranças de dívidas, inclusive uma ação movida pela Volkswagem para a devolução de um carro que não foi quitado, sendo entregue somente 3 anos depois da decisão. Uma ação movida em 2015 faz referência a uma dívida de R$ 41mil; nela, o tribunal diz que Otoni deixou de comparecer em diversas audiências, e dois meses depois dessa decisão, foi expedido um mandado de penhora. Nesse intervalo, chegou a ter suas contas bloqueadas pela Justiça.
Conseguiu seu primeiro mandato em 2016 como vereador pelo PSC com 7.801 votos, e ficou conhecido por seu o único vereador contra o projeto que deu o nome de Marielle Franco à tribuna da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.
Em 2018 foi candidato a Deputado Federal, também pelo PSC, sendo investigado pelo TRE. Também foi denunciado na Câmara dos Vereadores por dar vantagens a fiéis de sua igreja em um evento reservado a pastores na sede da Prefeitura. Mas foi eleito conseguindo 120.498 votos.
Recentemente disse que, se o partido não abrir espaço para ele como candidato à Prefeitura, iria sair da legenda. O Governador Wilson Witzel, também do PSC, quer indicar outro nome.
Fred Luz (NOVO)
Engenheiro formado pela PUC-Rio, Fred Luz é principal candidato à Prefeitura dentro do processo seletivo do partido NOVO.
Foi Diretor Comercial das Lojas Americanas e virou CEO do Flamengo em 2013. Durante sua gestão, se envolveu em diversas polêmicas com a torcida do clube, muitas delas voltadas à sua falta de interesse no esporte. Chegou a dar declarações polêmicas sobre a possibilidade de se praticar preços populares na Ilha do Urubu: “Populares são as gratuidades. Isso no Estado não tem cunho social, não importa a renda. Poderia ser, mas não é”.
Disse ainda estar atento às demais áreas do clube e admitiu erros no planejamento do carro-chefe rubro-negro.
Saiu do comando do clube em 2018, quando começou a cursar a escola de Formação Política, o RenovaBr, sendo o coordenador de campanha do João Amoedo à presidência na ultima eleição. Também participou da transição do governo de Zema em Minas Gerais.
Eduardo Paes (DEM)
Ex-prefeito do Rio, é formado em Direito pela PUC-Rio, sem registro na OAB. Entrou na vida política com 23 anos, apadrinhado por Cesar Maia (DEM), chegando a formar a “juventude do Cesar Maia”. Se tornou sub-prefeito da Barra/Jacarepaguá no primeiro mandato de Cesar Maia, sendo um dos responsáveis pelo projeto RioOrla, que reformou a orla carioca e criou as primeiras ciclovias da cidade.
Com a popularidade que o cargo lhe deu, foi eleito pela primeira vez como vereador em 1996, com apenas 27 anos, pelo extinto PFL 82.418 votos, sendo o vereador mais votado do Brasil naquele ano. Se candidatou novamente em 1998 a Deputado Federal e obteve 117.164 votos. Durante o seu mandato foi autor do Projeto de Lei Complementar que instituía a criação do Supersimples, que se dispunha a facilitar o regime tributário das microempresas e das empresas de pequeno porte.
Durante a gestão da prefeitura de Cesar Maia foi Secretário do Meio Ambiente, mas rompeu politicamente em 2002 após ser reeleito 186.221 votos, dessa vez pelo PTB. Se filia ao PSDB em 2003 e concorre ao governo do Estado do Rio em 2006, com apenas 5% dos votos, não passou para o seguindo turno.
No Governo do Estado assumiu a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, se filiando ao PMDB em 2007. Mas a sua ida não foi aceita por unanimidade dentro do grupo emedebista, e após uma disputa interna, conseguiu oficializar sua candidatura a Prefeitura do Rio contra Marcelo Itagibá, que foi secretário de segurança de Garotinho. Em 2008 disputou a prefeitura do Rio, vencendo Fernando Gabeira (PV) e seus antigos aliados do PSDB em uma disputa apertada com uma diferença de apenas 54 mil votos.
Durante sua gestão foi responsável pelos projetos: Choque de Ordem, recuperação de mais de 700 km de asfalto nas principais vias da cidade, os corredores de BRT, Clínicas da Família, Naves do Conhecimento, ampliação do sambódromo, projetos Morar Carioca e Bairro Maravilha, 130 km de ciclofaixas, encerramento do lixão de Gramacho, a derrubada do elevado da perimetral com a revitalização da zona portuária, mais de R$ 4 bilhões investidos na Zona Norte e a construção do Parque Madureira, chegando a passar a União e os demais estados em taxa de investimento.
Em 2012 foi reeleito em primeiro turno contra Marcelo Freixo (PSOL), sendo o segundo prefeito a conseguir esse feito (o primeiro foi Cesar Maia). Seguindo a implementação das melhorias na cidade do Rio para Copa do Mundo e Olimpíadas, construiu sistemas anti-alagamentos e estruturas esportivas olímpicas na Barra da Tijuca.
Em 2013 sofreu uma grande resistência em relação ao aumento das passagens; com as manifestações de rua voltou atrás e congelou o preço da tarifa. Inaugurou a ciclovia Tim Maia em 2016, a qual hoje alega ter se arrependido de ter construído. Na sua gestão, foi citado em colaboração premiada de Renato Pereira, mas durante a investigação seu caso foi arquivado.
Após sair da prefeitura em 2016, voltou a vida política somente em 2018 quando concorreu a Governador, perdendo em segundo turno para Wilson Witzel, e vencendo apenas em 3 municípios: Rio e Janeiro, Niterói e Rio das Flores. Hoje, Eduardo Paes trabalha na BYD da América Latina, em uma filial no Rio.
Mariana Ribas (PSDB)
Tentando sua primeira disputa em um processo eleitoral partidário, Mariana Ribas tem mais de 16 anos atuando na Gestão Pública na capital Carioca e Brasília.
Formada em Comunicação e pós-graduada em jornalismo cultural, ambas pela Estácio, ingressou pela primeira vez na vida pública como estagiaria na Secretaria de Cultura na gestão Cesar Maia, em 2003. Também já foi Diretora-presidente da Rio-Filme na gestão de Eduardo Paes em 2015, além de ter sido secretária Executiva e secretária de Audiovisual do Ministério da Cultura no governo Temer, em Brasília, entre 2016 e 2018. Foi também Diretora da ANCINE em 2018, onde ficou responsável por dar mais transparência dentro do órgão.
Em 2019 voltou a prefeitura do Rio e entrou na gestão de Marcelo Crivella como Secretária Municipal de Cultura, mas não ficou muito tempo; saiu do cargo no dia 6 de Agosto, após desavenças com o atual prefeito. Segundo Mariana, o prefeito tinha pedido para fazer um dossiê contra a Fundação Roberto Marinho e por ele não liberar recursos para a Cultura no Rio.
Marcelo Calero (CIDADANIA)
Advogado pela UERJ, Marcelo Calero passou para o concurso do Instituto Rio Branco, se tornando Diplomata e exercendo a profissão durante breve período na embaixada do Brasil no México, em 2007.
Voltando para o Brasil, tentou concorrer a Deputado Federal em 2010 pelo PSDB, conseguindo apenas 2.252 votos. Entrou em 2013 como secretário de Cultura na prefeitura na gestão de Eduardo Paes. Com seu trabalho na capital, ganhou visibilidade e virou Ministro da Cultura no governo de Michel Temer em 2016, mas não ficou muito tempo; após desavenças e ter falado que sofreu forte pressão de Geddel Vieira Lima, Temer e outros membros do governo a rever decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), negando licença para um empreendimento imobiliário na Bahia, no qual Geddel possuía um apartamento.
Após os escândalos iniciou os seus estudos na escola de formação política RenovaBR, se candidatando pelo antigo PPS em 2018 ao cargo de Deputado Federal e conseguindo ser eleito com mais de 50 mil votos, superando o presidente do partido no Estado do Rio e então deputado federal Otávio Leite (PSDB).
Martha Rocha (PDT)
Toda sua trajetória foi voltada para dentro da Polícia Civil, entrando muito jovem na corporação – com apenas 23 anos de idade.
Em 2007, quando comandava a delegacia de Campinho, sofreu um atentado do então vereador Deco, que segundo investigações comandava a milícia da Praça Seca e no bairro do Tanque. O ataque teria sido uma retaliação à CPI das Milicias, coordenada pelo então deputado estadual Marcelo Freixo.
Em 2011 foi a primeira mulher da história a chefiar a Polícia Civil. Sua gestão foi responsável pela criação da Cidade da Polícia no Rio de Janeiro e por ações de prevenção à violência contra a mulher.
Conseguiu seu primeiro mandato eletivo em 2014 como deputada Estadual pelo PDT, sendo reeleita em 2018.
Marcelo Freixo (PSOL)
Nascido e criado em Niterói, filho de pais professores, se formou em História na UFF. Atuou em uma ONG Justiça Global, voltada para os direitos humanos, foi diretor dos sindicatos dos professores de Niterói e São Gonçalo e consultor do então Deputado Chico Alencar.
Foi voluntário no projeto de prevenção a AIDS nas prisões do estado durante os anos de 1995 e 1996, coordenou projetos educativos no sistema penitenciário e, de 2001 a 2004, presidiu o Conselho da Comunidade da Comarca do Rio de Janeiro, onde exerceu papel fiscalizador dos direitos humanos nas carceragens e presídios do estado.
Se filiou ao PSOL em 2005, que tinha acabado de ser criado. Foi candidato pela primeira vez em 2006 a deputado estadual na Alerj, sendo o mais votado do seu partido com 13.547 votos.
Durante o seu primeiro mandato foi ao embate com o crime organizado no Rio de Janeiro, principalmente a milícia.
Isso levou à retaliação, e seu irmão Renato foi assassinado a tiros por milicianos em julho de 2006, aos 35 anos de idade.
Mas isso não deteve o seu trabalho. Criou a CPI das milícias, sendo o responsável pela desarticulação do braço armado em diversos bairros, levando a prisão de policiais militares, civis, bombeiros e até de vereadores e deputados -entre eles Jerominho, Natalino e Deco- que tinham envolvimento com o crime organizado.
Chegou a pedir a cassação do mandato do Alvaro Lins, que chegou a ser preso pelo seu envolvimento com a milícia.
Foi reeleito sendo o segundo deputado estadual mais bem votado do Rio de Janeiro, ficando atrás somente de Wagner Montes. Continuou pautando seu mandato contra o crime organizado e presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito do tráfico de armas, cujo relatório foi apresentado em 2011.
Sofreu diversas ameaças de mortes, e após o assassinato da juíza Patricia Acioli deixou o Brasil e ficou exilado na Espanha.
Foi candidato a prefeito em 2012, sendo derrotado em primeiro turno pelo então prefeito Eduardo Paes, mas ganhou visibilidade. Em 2014 foi o deputado estadual mais votado no Rio com 350 mil votos.
Em 2016 voltou novamente a concorrer À Prefeitura do Rio, conseguindo chegar ao segundo turno, mas sendo derrotado pelo então prefeito Marcelo Crivella.
Mudando de ares, concorreu a Câmara Federal em 2018, sendo o segundo mais votado da eleição com 342 mil votos, ficando atrás por apenas 3 mil votos de Hélio Bolsonaro.
Benedita da Silva (PT)
A Deputada Federal é cotada pelo Partido dos Trabalhadores a participar da corrida pela Prefeitura no ano que vem.
Benedita foi moradora da favela do Chapéu-mangueira, no Leme, e era filha de uma lavadeira e um pedreiro. Desde muito cedo iniciou sua militância política na própria comunidade, onde foi fundadora de vários movimentos de mulheres e da favela. Formou-se em Serviço Social e, em 1982, foi eleita vereadora pela primeira vez, pelo PT. Na sequência, foi a primeira deputada federal e, depois, primeira senadora negra eleita no país, tendo sempre como bandeira a defesa das minorias.
Em 1998, foi eleita vice-governadora da chapa encabeçada por Anthony Garotinho. Com a renúncia de Garotinho para concorrer à Presidência da República em 2002, Benedita assume o governo, que passava por séria crise financeira e tinha diversas obras paradas por todo Estado. Além disso, as contas do governo daquele ano foram reprovadas pelo TCE, o que maculou sua imagem perante o eleitorado.
A pré-candidata também se envolveu em polêmicas quando assumiu a Secretaria Especial da Assistência e Promoção Social, com status ministerial, a pedido de Lula, pois usou recursos públicos em um evento religioso na Argentina.
Agora, no meio da crise em que se encontra seu partido, a candidatura é questionada pelos demais partidos de esquerda que entendem como uma fragmentação de votos.