Quem gosta de ouvir um “não”? Eu sei, machuca ouvir isso, mas a nossa reflexão hoje não é sobre as recusas que recebemos, mas sobre as que damos – ou deveríamos dar.
Uma negativa pode nos deixar frustrados, entristecidos e até mesmo magoados. Como não gostamos de nos sentir assim, é compreensível que também não seja nada confortável dizer um “não”. Por isso, muita gente tem problemas para recusar solicitações, como aquele lazer que não estava tão animado para participar; a tarefa que sobrecarregaria demais; o pedido de favor que prejudica demasiadamente, por exemplo.
Quando ficamos preocupados em agradar sempre, é comum termos dificuldade de negar pedidos, mas não é nada saudável para nós – em especial para nosso emocional – querer fazer todos os outros felizes sempre e esquecermos de nós mesmos. Assim, nos tornamos alvos fáceis para pessoas que abusam de nossa boa vontade e que nos fazem ceder aos seus caprichos, o que também é frustrante demais, não é mesmo?
Claro que não vamos negar sempre e fazer só o que queremos, mas não é nada egoísta abrir mão de certos convites ou pedidos de vez em quando. É preciso ter equilíbrio nesses momentos. Nem demais, nem de menos.
Os Três “Nãos”
Certa vez aprendi que há três tipos de recusa que precisamos aprender a usar corretamente:
– Não consigo: perceber que não temos capacidade ou habilidade para fazer algo exige maturidade. É importante reconhecer isso e dizer “não” nesses casos. Em alguns momentos, podemos até aceitar o pedido, mas solicitando uma ajuda ou um treinamento, de forma que nos tornemos hábeis para realizar a tarefa;
– Não posso: pode acontecer de termos capacidade para fazer o que nos pedem, mas por outros motivos não podermos realizar. Nessa hora, é preciso deixar claro que não há essa possibilidade;
– Não quero: talvez esse seja o mais difícil de todos. Quando podemos, conseguimos, mas não queremos fazer algo, é mais difícil admitir. Viver em prol da vontade dos outros pode ser muito prejudicial para nossa autoestima. Não que vivamos realizando somente o nosso querer, mas em alguns momentos, devemos, sim, recusar convites que não quisermos.
Como começar a dizer “não”
Pode ser que você me pergunte: “ok, entendi que é importante recusar de vez em quando, mas como posso começar a praticar isso para que se torne mais fácil para mim”?
Um bom jeito é começar a recusa agradecendo:
– Obrigada pelo convite, mas não vou querer dessa vez.
– Fico lisonjeado com a proposta, mas por enquanto, não tenho interesse em participar.
– Agradeço por pensar em mim para realizar o projeto, mas não consigo executá-lo sem treinamento adequado.
Algumas pessoas vão insistir para que você aceite. Nessas horas, é preciso ser firme com sua posição. Se você tem dificuldade de dizer “não” aos outros, a repetição do pedido pode te gerar um desconforto enorme, mas não se preocupe em justificar se o pedinte não merece essa justificativa. Se você disse o “não” e ele é importante para você, mantenha-o.
Para cada “não” que você diz, abre-se um leque de outras opções que você pode escolher fazer em substituição àquela atividade. Deixou de sair com um amigo, mas ganhou tempo para descansar; Recusou a tarefa, e agora pode estudar mais; Não foi à festa, poderá trabalhar melhor no dia seguinte. Dizer “não” quando é preciso, abre oportunidade para um “sim” melhor.
Não é uma situação fácil, tampouco confortável para muita gente, mas posteriormente a sua satisfação, consigo mesmo, vai compensar tudo isso. Nada paga a sua paz.
Reflita, pratique e depois me conte como foi a experiência. Se você conhece alguém que precisa receber essas dicas, compartilhe. Você pode fazer uma diferença enorme na vida dessa pessoa.
Boa semana!