Quem acorda cedo já deve ter percebido: o dia no Rio está começando a clarear antes das 4h, algo que não acontecia há quase 35 anos. Mas não se trata de nenhum fenômeno atípico. É uma consequência do cancelamento do horário de verão.
O regime especial foi revogado em abril pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), pondo fim a uma sequência que vinha desde novembro de 1985.
O objetivo do horário de verão era aproveitar os dias mais longos para obter um melhor aproveitamento da iluminação natural, principalmente no horário entre 18h e 21h. Nesse horário, as lâmpadas dos espaços públicos são ligadas, boa parte da população chega em casa e parte do comércio, escritórios e indústria continua ativa.
Mas, nos últimos anos, mudou o padrão de consumo do país. Lâmpadas incandescentes foram substituídas por lâmpadas mais eficientes, e o horário de pico de energia se deslocou do início da noite para o meio da tarde, por volta das 15h, devido ao aumento expressivo do uso de ar-condicionado.
Estudo do Ministério de Minas e Energia divulgado no ano passado já apontava para a perda de efetividade do horário de verão. Segundo a nota técnica, a adoção de outros instrumentos regulatórios, como a tarifa branca e preço por horário, poderia produzir resultados mais relevantes para o setor elétrico.
“Nas últimas edições a economia não foi muito significativa”, acrescentou Cherman.