Esta semana a crise da saúde na Prefeitura do Rio chegou ao seu auge: no Diário Oficial de terça feira o secretário Cesar Barbiero suspendeu as atividades do Tesouro, sob a desculpa de “arrumar a casa” bagunçada pelos arrestos judiciais. Mas o que ninguém tem falado é que tudo isso é o final de uma opereta circense que começou lá atrás, no início da gestão Crivella (nem vou entrar no mérito das administrações anteriores porque isso é papo pra outra coluna), e que tem outros culpados além do prefeito. Aliás, outros 51 culpados: os vereadores da cidade do Rio de Janeiro.
Nossos nobres edis passaram o mandato inteiro negociando apoios junto ao prefeito, em troca de deixar de cumprir seu principal papel, que é o de fiscalizar o trabalho do Executivo. Ao vereador cabe a construção de novas leis, mas cabe principalmente o papel de guardião da cidade, através do acompanhamento da gestão municipal. O vereador vota o Orçamento da cidade mas também deve observar como estes recursos são gastos. E o que vimos foi que esta parte, a da investigação e fiscalização, não aconteceu.
Se tivéssemos realmente um corpo legislador aguerrido – salvo algumas pouquíssimas exceções – o prefeito Crivella não teria passado os últimos três anos com carta branca para não melhorar a gestão, não economizar, não arrecadar. Se hoje o município não tem lastro financeiro é porque passou os últimos anos sem fazer seu dever de casa. E os vereadores também. Temos até o caso bizarro de vereador que passou anos na equipe deste prefeito querendo, agora, posar de paladino da moralidade administrativa. Só pode ser piada.
Já passou da hora de prestar mais atenção nos nomes que são escolhidos para vereador. A população precisa deixar de votar só porque é “do bairro”, porque “ajudou”, porque agilizou um serviço que deveria ser público. Quando o povo começar a perceber que precisa conhecer melhor os vereadores da cidade, aí sim teremos chances reais de mudança. O problema é que poucos meses depois da eleição a maioria já esqueceu em quem votou – fora os que nem vão até as urnas. A omissão nunca é um bom caminho para transformações reais e duradouras.
Temos até outubro para pensar bem nisso tudo.