Logo nos primeiros dias de 2020, a cidade foi agitada por um anúncio: o de que o Carnaval do Rio de Janeiro teria a duração de 50 dias. A novidade foi apresentada pelo presidente da Riotur, Marcelo Alves, como a grande arma secreta para atrair turistas para a cidade. Mas a coisa não é bem assim.
Não há como fazer políticas públicas sem planejamento. E esta falta de planejamento é o que joga por terra as boas intenções da Prefeitura.
Janeiro é um mês, por si só, de alta temporada na cidade. O último domingo, inclusive, foi considerado o lançamento não-oficial do Carnaval. Mas o movimento dos foliões foi totalmente alijado de qualquer apoio, estrutura ou acompanhamento da administração municipal – que, aliás, vem mostrando um esforço todo especial para inviabilizar as manifestações populares e artísticas na cidade: no último dia 04, o jornalista Ancelmo Góis denunciou que a Prefeitura exigiu da Orquestra Voadora, tradicional bloco da cidade, nada menos a disponibilização de seis ambulâncias e 42 maqueiros, para obter a liberação do desfile. Um custo de R$ 50 mil.
No ano passado, a bagunça do Rio de Janeiro foi a cereja do bolo para a cidade de São Paulo, que com o devido apoio da administração municipal investiu e atraiu foliões para seu carnaval de rua. Aqui o prefeito e sua equipe seguem em descompasso, anunciando shows faraônicos nas praias da cidade – um investimento alto -, em detrimento de apoiar a festa tradicional que sempre foi a cara do Rio. Querem inventar moda, mas esquecem que o feijão com arroz que já atrai turistas nesta época do ano é mais barato e pode ter resultados melhores.
Que façamos um Carnaval de 50 dias. Mas com estratégia, anúncios em feiras internacionais, convênios e patrocínios para reduzir o custo estatal, infraestrutura nas ruas para o conforto do folião. Com o engajamento da indústria hoteleira e de serviços. Pra fazer uma festa bonita e de retorno financeiro efetivo para a cidade, não da maneira atabalhoada que foi anunciada. Estamos saturados de anúncios vazios.