O governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) e o prefeito da capital fluminense Marcelo Crivella (PRB), voltaram a trocar alfinetadas. Na manhã da última sexta-feira (31) ao comentar as críticas do prefeito Marcelo Crivella em relação à decisão da Justiça e do Ministério Público de interditar a Avenida Niemeyer, o governador, que deixou o cargo de juiz federal para concorrer ao governo, disse que “quem não tem o que falar tem que ficar de boca fechada”.
É que Marcelo Crivella criticou a decisão da justiça dizendo que juízes e promotores quiseram o palco, a ribalta, quando decidiram pela interdição da Avenida Niemeyer ao trânsito.
[bs-quote quote=”Quem não tem o que falar tem que ficar de boca fechada. E avaliar muito bem. Tem que ter um filtro entre o cérebro e a boca.” style=”style-23″ align=”left” author_name=”Wilson Witzel” author_job=”Governador do Rio” author_avatar=”https://noticiariodorio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/witzel6060.jpg”][/bs-quote]
“Os magistrados têm a obrigação de decidir sobre as questões que são postulados a eles. Seja de que natureza for” – aconselhou o governador.
Witzel explicou também como os magistrados embasam suas decisões:
“Quando dá uma decisão, o magistrado avalia aquilo que é postulado a ele. Cabe a quem foi atingido, e eu também fui intimado na minha decisão sobre a Niemeyer, embora entenda que a minha responsabilidade é subsidiária já que a responsabilidade é da prefeitura, chegar ao processo e apresentar a sua contestação e os seus contra-argumentos. O juiz vai sopesar isso tudo pelo princípio da persuasão racional e vai dar a decisão mais adequada” – comentou o governador após a solenidade de entrega de 50 motocicletas para unidades da Polícia Militar, do Recreio dos Bandeirantes, da Barra da Tijuca e do Batalhão de Choque. O evento foi realizado no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) que ficará com 20 desses veículos.
O governador lembrou uma brincadeira muito comum no meio jurídico para explicar o que acha das críticas de Crivella:
“Tem uma brincadeira muito comum no meio jurídico que é o “jus sperniandi” (o direito de espernear). Isso não cola. O que cola é constituir um bom advogado e ir ao processo e defender nos autos. O juiz vai fazer o trabalho dele”.
Wilson Witzel considerou um ataque à democracia as críticas feitas por Crivella. E aproveitou para elogiar o Judiciário brasileiro tanto nas esferas estadual e federal.
“O Judiciário brasileiro é reconhecido internacionalmente pela sua capacidade técnica, pela hombridade dos seus juízes e das suas juízas. Eu confio no nosso Poder Judiciário estadual. Eu confio no nosso Judiciário federal e nos tribunais superiores. Falar contra é apenas jogar contra a democracia. E isso nós não precisamos. Nós precisamos de pessoas que entendam o papel de cada um dos poderes e saibam agir quando necessário e se defender como pessoas que tenham capacidade de defender os interesses do Estado”.
Crivella: ‘Vou procurar o filtro em Harvard’
Após ser criticado pelo governador Wilson Witzel , que afirmou que Marcelo Crivella deveria ter um filtro entre o cérebro e a boca, o prefeito contra-atacou:
[bs-quote quote=”Agradeço o conselho do Witzel. Vou procurar o filtro em Harvard.” style=”style-23″ align=”left” author_name=”Marcelo Crivella ” author_job=”Prefeito do Rio” author_avatar=”https://noticiariodorio.com.br/wp-content/uploads/2019/06/crivella6060.jpg”][/bs-quote]
A citação à Harvard, feita por Crivella na noite desta sexta-feira (31), faz alusão ao currículo Lattes de Witzel, que informou ter cursado doutorado em Ciência Política na universidade americana, mas não chegou a estudar lá.
A declaração foi dada depois de Witzel comentar uma crítica de Crivella à decisão do Judiciário de fechar a Avenida Niemeyer. Na quarta-feira, o prefeito disse que a “Justiça quer estar no palco”.
Em agenda pela manhã nesta sexta-feira, Witzel opinou:
— Quem não tem o que falar tem que ficar de boca fechada. E avaliar muito bem. Tem que ter um filtro entre o cérebro e a boca. Os magistrados têm a obrigação de decidir sobre as questões que são postulados a eles. Seja de que natureza for – disse o governador.
À noite, Crivella sustentou que não faltou com respeito com a Justiça e aproveitou para rebater a crítica:
— Agradeço o conselho do Witzel. Vou procurar o filtro em Harvard. Respeito profundamente a Justiça e em nenhum momento faltei com respeito a ela. Apenas avalio que a opinião de técnicos do município deveria ter sido levada em consideração na questão envolvendo a interdição da Avenida Niemeyer.