E
u geralmente evito falar de assuntos que fervem a opinião pública, mas dessa vez o silêncio virou escolher um lado da história. É simplesmente surreal a relativização da morte de uma menina no intuito de defender uma política fracassada de guerra às drogas e as suas opiniões políticas.
E o que vem depois é o que me deixa mais abismado. Um governador, que hoje é um dos políticos mais ativos das redes sociais, ficou mais de 3 dias em silêncio após uma operação policial que só vitimiza o lado mais fraco da história: pessoas que vivem nas comunidades cariocas e os soldados da PM que vestem uma farda para levar o Estado para zonas periféricas da pior forma possível.
Mas esse ensaio sobre a cegueira acompanhado pela perda de humanidade mostra a cara da política carioca. Gabriel Monteiro, youtuber, policial militar e assessor parlamentar de um deputado do PSL na Alerj, usa todo caos para tentar crescer politicamente. Na ação de “nós contra eles” vai até o velório de uma criança de 8 anos que foi assassinada abruptamente para defender uma ação policial.
No ato sai no soco com outro ator político antagônico, posta o vídeo em suas redes com uma frase: “Tive que usar a legítima defesa”, sendo que no Rio o número de autos de resistência tem crescido vertiginosamente. É o cruzamento da insensatez e falta de empatia, acompanhada de um oportunismo barato, com temperos de populismo.
Hoje com advento das redes sociais, com “influenciadores” conseguindo cargos eletivos vemos um verdadeiro topa tudo por dinheiro na política, onde que importa é a fama, nada além. Esse mix de irresponsabilidade com os seus atos e ganância pelo poder, mostra como se faz a “nova política” hoje: Relativize tudo, até mesmo a morte de uma menina de 8 anos com tiro de fuzil.
As próximas paginas se tornam mais catastróficas a cada palavra escrita na história da cidade, um livro que esta me dando desgosto de ler.