Um grupo de pessoas se movimentando de forma coordenada nas redes sociais, atacando ferozmente seus opositores, de forma pejorativa e muitas vezes ofensiva. Criando uma espécie de patrulha ideológica, onde a regra é nós contra eles.
Ao ler a frase acima você deve estar pensando que estou falando de um grupo específico no espectro político homogêneo. Mas se disser que não, que na verdade estou falando de dois grupos distintos, seguindo a linha “os opostos se atraem”?
Com os ataques incessantes nas redes sociais, ficou claro que a técnica de guerrilha, que durante muito tempo foi usada para proteger o alto escalão da esquerda no Brasil, hoje foi projetada para atuar em defesa da família Bolsonaro, onde o relativismo e falta de senso crítico vira regra.
Para deixar mais claro – não que conseguirei fazer diferença para os que vivem nos polos políticos – e elucidar melhor o que acompanha essa frase, vamos voltar no tempo.
Em 2014, no auge da crise política nacional, uma patrulha vivia na internet. Você não conseguiria dizer uma palavra contra a Dilma ou Lula sem ser atacado por diversos grupos nas redes sociais. Machista, fascista e nazista virou o sobrenome de qualquer um que se opunha às condições políticas na época.
As perseguições a veículos de imprensa como a Globo, Veja e Época, acompanhada com a popularização da “mídia alternativa” e redes sociais tiveram força nunca antes vista. Aqueles que se tornaram opositores da política de esquerda eram condenados pelos juristas do Facebook.
Acompanhado com as mudanças após as eleições veio a plasticidade moral. Antes, a Globo e a Veja serviam como fonte de referência para atacar a Dilma. Hoje, são sinônimos de redes esquerdistas. Antes, a articulação política com o Congresso tão criticada; agora, virou motivos de aplausos com a liberação de crédito extra.
Vimos a indicação política de familiares ser relativizada – mas somente quando é dos nossos aliados -, estourar cartão de crédito corporativo ou até mesmo usar helicóptero do Estado para levar familiares a um casamento. Chegamos ao ponto da criminalizada Lei Rouanet ser defendida por aqueles que passaram anos atacando; se for usufruto dos aliados, não tem problema.

A criticada reeleição durante o período eleitoral, antes mesmo de completar 1 ano de mandato o Jair Bolsonaro já fala em ser pré-candidato em 2022. Isso tudo com 8 meses de governo.
As pessoas que defenderam Bolsonaro nas eleições de 2018 estavam, em sua maioria, aguerridas à esperança de mudança que emanava do Capitão. Confiavam que com seu voto, poderiam livrar o Brasil das diversas mazelas que o afligiam, e se dedicavam profundamente na disseminação de seus ideais, por acreditar, verdadeiramente, que era o melhor para o país. Belo e patriótico gesto. Mas toda a dedicação em renovar a política se torna vã, a partir do momento em que se escolhe tolerar os mesmos erros do passado, simplesmente para não darem o braço a torcer.
O eleitor do Bolsonaro não quer admitir que errou e, por isso, abraça todos os erros do Presidente sob justificativas tão absurdas quanto “ele é autêntico” ou “o PT faria pior”. É o “rouba, mas faz” de nosso tempo. Se for o meu Capitão, pode.